A era do inesperado

Durante a primeira semana de 2021, um fato sem precedentes, como os que vêm ocorrendo a nível global nos últimos tempos, surpreendeu o mundo. Pela primeira vez na história dos EUA, uma multidão pró-Trump causou uma interrupção na confirmação do candidato vencedor da eleição presidencial, durante o processo em que o vice-presidente (Mike Pence) confirmava os votos dos colégios eleitorais que dão a vitória a Joe Biden. Em poucas horas, a ordem foi restaurada e cumprida por lei. No entanto, os mercados – que parecem cada vez mais «acostumados» a eventos produzidos pela polarização política e social – continuaram seu curso a partir de uma rotação para determinados ativos, incluindo ativos atrasados, com base em fatores relacionados aos fundamentos macro e corporativos e à liquidez (macro e de fluxos).

Como parte da recuperação econômica global em 2021, após a recessão resultante do choque covid-19, os indicadores da atividade global permanecem em terreno expansivo, embora tenham desacelerado no último trimestre do ano passado e continuem no primeiro trimestre deste ano. Isso é resultado da moderação, após o salto de crescimento visto no terceiro trimestre, depois que a economia atingiu mínimas no segundo trimestre e a segunda onda da pandemia levou a uma nova ação para restringir a mobilidade a partir de novembro. Os PMIs, principais indicadores que apontam para os níveis de atividade para os próximos 6 a 12 meses, caíram nos Estados Unidos e na China, mas permanecem acima de 50 pontos, nível que marca a fronteira entre expansão (mais de 50) e contração econômica (menos de 50). Outras regiões continuaram a apresentar crescimento nesses indicadores, embora se espere que sigam a mesma tendência no início deste ano.

Com o passar do ano, a implantação da vacina implica um aumento gradual de pessoas imunes e de menores vetores de contágio para aqueles que ainda não foram vacinados, o que permitirá que a recuperação econômica volte ao dinamismo. Os maciços estímulos fiscais e monetários continuam a apoiar a economia global. Os primeiros, além das transferências diretas que foram feitas, o restante do apoio para impulsionar o emprego, os gastos com infraestrutura e outros, começaram a dar frutos que prevalecerão a médio e longo prazo e serão adicionados às atividades que foram interrompidas e gradualmente voltarão ao normal.