Brace for impact
Junho foi um mês em que o momentum foi exacerbado; o mercado experimentou uma espécie de «sugar rush» 2 e as ações globais, medidas pelo índice MSCI ACWI, subiram USD 4,5% no mês. Nos EUA, o desempenho também foi positivo, e ainda mais forte nas ações de tecnologia; o Nasdaq subiu 6,6% em junho. Os mercados emergentes contribuíram para a recuperação e os títulos de dívida também conseguiram registrar retornos positivos com a queda das taxas e a compressão do spread, embora em menor grau.
Em junho, o mercado parece ter passado do TACO Trade (Trump always chickens out) para o comércio YOLO (You only live once), assumindo o máximo de risco possível.
Apesar dos ventos contrários e da volatilidade que observamos em alguns momentos durante o mês, depois que alguns focos de incerteza se dissiparam, o MOVE – que mede a volatilidade implícita na curva de taxas dos títulos do Tesouro – ultrapassou a barreira dos 90 pts e, em alguns dias do mês, ficou em níveis mínimos não vistos desde fevereir passado. Por outro lado, a volatilidade do mercado acionário dos EUA (VIX) também caiu para ~16%, um nível historicamente associado a certa calma no ambiente econômico global.
Em suma, o mercado parece complacente, apesar de uma série de eventos que estão ocorrendo e ocorrerão em julho, o que pressionará ainda mais os ativos de risco. Por um lado, há a aprovação da One Big Beautiful Bill, que, de acordo com estimativas do Congressional Budget Office (CBO daqui em diante), poderia aumentar o déficit fiscal em USD 3,4 trilhões nos próximos 10 anos, permanecendo em torno de 7% do PIB daqui para frente e adicionando novas pressões fiscais durante o mandato de Trump. Entre outras coisas, essa medida inclui a extensão das isenções fiscais de Trump em 2017, a eliminação do imposto verde, cortes em alguns programas sociais e aumento do financiamento para defesa e segurança nas fronteiras.
Por outro lado, a trégua tarifária de 90 dias estava prevista para expirar em 9 de julho e há poucos países conhecidos com acordos comerciais com os EUA, como o Reino Unido, a China e o Vietnã. Mais recentemente, Trump estendeu a data final da trégua para 1o de agosto e enviou cartas a alguns países, como Japão, Coreia do Sul e África do Sul, que enfrentarão tarifas de 25% para os dois primeiros e 30% para o último. Outras declarações do presidente sugerem que as tarifas finais podem chegar a 70% para alguns países, o que é um cenário pior do que o esperado pelo mercado, onde se especulava que a China terminaria com tarifas de 30% e o resto do mundo na ordem de 10%.
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